Minissérie: O que elas querem? Ep. 3 – Assédio com Thais Fabris

A minissérie “O que elas querem”, produzida pelo Mamilos em colaboração com L’Oréal Paris, surge como um espaço vital para discutir as nuances da experiência feminina contemporânea. Em um mundo onde as conquistas em direitos políticos e a presença feminina em diversos setores são celebradas, a desigualdade de gênero ainda persiste de maneira alarmante, como demonstram os dados da ONU.

Temas Centrais da Minissérie

A série toca em questões cruciais como a economia do cuidado, maternidade, carreira e, principalmente, assédio. O objetivo é promover conversas urgentes sobre esses temas, mostrando que ser mulher não deve ser um obstáculo para alcançar desejos e sonhos. Os episódios estão disponíveis em plataformas de áudio e no YouTube, ampliando o acesso e o engajamento.

No episódio final, a convidada Thais Fabri, fundadora da consultoria 65 10 e pesquisadora de questões de gênero, traz uma perspectiva poderosa sobre o assédio. Thais compartilha sua jornada pessoal, refletindo sobre como cresceu em um ambiente predominantemente masculino e como isso moldou sua percepção sobre o assédio em suas várias formas.

A Natureza do Assédio

Thais define assédio como qualquer ato que invade o espaço íntimo da pessoa sem consentimento. Essa definição abrange desde importunação sexual em espaços públicos até assédio sexual por superiores hierárquicos. A normalização de comportamentos invasivos, muitas vezes minimizados como “brincadeiras”, dificulta o reconhecimento do assédio como um problema sério no Brasil.

É crucial entender que o corpo da mulher não deve ser considerado um espaço público. Os dados revelam que 67% das mulheres já enfrentaram olhares maliciosos, enquanto 59% relataram ter ouvido comentários inapropriados sobre seus corpos. Essa situação se agrava quando as vítimas se sentem desacreditadas ao compartilhar suas experiências, gerando dúvidas sobre a própria realidade.

Educação e Conscientização

A perda histórica da autonomia sobre os corpos femininos é um dos principais fatores que dificultam o reconhecimento do direito à privacidade e ao respeito. A educação sexual nas escolas é essencial para ensinar sobre intimidade e respeito mútuo desde cedo. O aumento nas denúncias de assédio é um sinal positivo, indicando que mais mulheres estão reconhecendo suas experiências como violações de seus direitos.

No entanto, a sociedade ainda enfrenta desafios significativos. Muitas mulheres hesitam em denunciar por medo de não serem levadas a sério ou por experiências negativas anteriores nas delegacias. É fundamental que o sistema de justiça ofereça um suporte eficaz para que as vítimas se sintam encorajadas a se manifestar.

Caminhos para a Mudança

A minissérie enfatiza a necessidade de romper com o silêncio e incentivar ações coletivas contra o assédio. Conversas com agressores têm mostrado resultados positivos na redução da reincidência, destacando a importância da educação e do diálogo. Além disso, iniciativas como a plataforma “Stand Up” da L’Oréal Paris visam educar sobre intervenções seguras em casos de assédio.

Para efetuar mudanças reais, é preciso uma conscientização ampla e um compromisso coletivo. Olhares invasivos, toques indesejados e outras formas de assédio devem ser tratados com tolerância zero. Apenas 25% das pessoas se sentem motivadas a ajudar vítimas de assédio, refletindo uma cultura de inação que precisa ser desafiada.

“O que elas querem” não é apenas uma minissérie; é um chamado à ação. Ao abordar a complexidade da experiência feminina e os desafios relacionados ao assédio, a série oferece um espaço para reflexão e diálogo. O empoderamento feminino começa com a conscientização e o reconhecimento dos direitos das mulheres como questões universais. Somente assim podemos construir um futuro onde ser mulher não seja uma barreira, mas uma fonte de força e inspiração.